sexta-feira, 11 de abril de 2008

O Bufão que não era Bobo (e o cavaleiro que era corno)

Pois é, resolvi postar um poema meu, só pra ver no que dá. Este aqui, foi publicado na XII Antologia Poética Hélio Pinto Ferreira, em 1998.

Ainda ouço a risada irônica do bufão
quando roubou de um cavaleiro a caneca de cerveja
e adicionou-lhe uma dose
de licor de cereja.
Por isso, até lhe poupou a sorte o cavaleiro,
não fosse ele inimigo da morte,
porque até lhe agrada
beber cerveja e coisa forte.
Mas, quando viu o bufão, triste infeliz,
a flertar com sua dama
como qual fosse meretriz,
fechou o punho e quebrou-lhe o nariz.
Quando o bufo mequetrefe veio ao chão,
rogou pragas ao cavaleiro
e prometeu vingar-se da humilhação.
Sacou então o cavaleiro sua espada
e atravessou-lhe o bufo coração.
Porque bufão enquanto dança
é alegre e não descansa
mas quando bebe e enche a pança
vai além donde a paciência alcança.
A dama, no entanto,
chorou sobre a bufa carcaça
e bradou perante todos que,
pelo cavaleiro, nunca fôra casta.
Restou-lhe então a fama
de cavaleiro bom de espada
mas bufão de cama.

Esse poema é inspirado naqueles poemas medievais, cantados pelos bardos, contando as façanhas heróicas dos cavaleiros e nobres, aqui devidamente ironizado como uma chanchada.

Um comentário:

rbfaveri disse...

Congratulações, boa imaginação e boa rima. Sem ironia!