sexta-feira, 11 de abril de 2008

Animais Urbanos

Animal urbano / habitante subterrâneo /
entre escombros e ruínas / sua alma está faminta”
(Inocentes)


Os pequenos e médios animais são conhecidos pela variedade de espécies pelo mundo. Quanto menores são, maior a diversidade de suas características particulares. Cada selva, deserto, floresta, campo, litoral tem um tipo específico de roedor, pássaro, réptil, aracnídeo etc. Tem tipos de rãs e aranhas que só existem numa pequena região do pantanal mato grossense, por exemplo. E nas cidades, tanto as grandes quanto as pequenas? Os tipos mais comuns nas metrópoles quase sempre se reduzem a pássaros (pombos e pardais), cães, gatos e ratos. Moscas, mosquitos e baratas também são figurinhas carimbadas em qualquer canto.
Em Sampa, os cães de rua realmente botam medo. São enormes, mal-encarados, sujos e, a maioria, inclassificável quanto à procedência de raça. Quando meu filho e minha irmã vieram nos visitar por aqui pela primeira vez, ficaram com medo de andar pela rua e topar com aqueles 'bezerros' molambentos soltos por aí. É comum por aqui acontecerem ataques de pit bulls. Num único final de semana, foram noticiados cinco casos fatais, todos em diferentes partes da cidade. Com isso, não é raro encontrar pit bulls abandonados e famintos por aí.
Acredito que o paulistano, aliás, desenvolve um tipo de sexto sentido que o faz desviar dos cocôs de cachorro sem precisar olhar para o chão. É claro que nem toda merda por aí é canina. Tem muita merda humana disputando com a canina o seu espaço vital nas calçadas. A maioria desses cães vadios, no entanto, é mais mansa que os pardais. Ou seja, eles só tem tamanho mesmo.
Falando em pássaros, os pombos surpreendem pela quantidade, pela ousadia e pela coragem. Enquanto até os cães fogem do famoso 'churrasquinho grego' feito nas calçadas (pra quem não sabe, é aquele espeto rotativo na vertical com carnes de tudo quanto é tipo e idade, servido com pão francês, apelidado por aqui de 'gato bailarino'), os pombos disputam espaço com os humanos em volta da urbana iguaria, chegando até mesmo a bicar, na cara dura, as migalhas de pão com carne que caem encima dos sapatos e tênis das pessoas. Uma cena quase dantesca: estávamos, a Marion e eu, comendo num Black Dog (famosa casa de hot dogs de Sampa) e, quando outro casal levantou de sua mesa e foi embora, uma nuvem de pombos, que eu até então nem tinha percebido que estavam só de olho, encima do muro, desceu sobre a mesa para devorar, num misto de êxtase e delírio animal, os restos do lanche. Parecia uma cena do filme Os Pássaros, aquele bando alado bicando batatas fritas, até brigando uns com os outros pelos restos de vinagrete. Também é comum encontrar pombos sem pés ou sem dedos, devido à uma cola especial que as pessoas espalham pelos parapeitos das janelas e no alto dos edifícios, para aleijar e espantar os bichos. Quem conhece os pombos sabe que os caras tem uma memória fotográfica quanto aos locais aonde pousar, portanto, quando perdem os dedos, não voltam mais para lá. Em Floripa, o histórico Mercado Público teve sua fachada ameaçada pela merda corrosiva desses pássaros, afinal, tanto lá quanto em Sampa, eles atacam tudo quanto é lixo e restos de comida na calçada (em alguns momentos, parecem verdadeiros porcos com asas), ficando literalmente urubuzando um indivíduo que esteja comendo algo na rua, andando em volta dele.
Já os famosos ratos são os mais difíceis de seres vistos, mas com certeza são mais numerosos que a própria população. Moramos na Vila Nova Cachoeirinha, periferia da zona norte de Sampa, espremidos entre a Casa Verde e a Freguesia do Ó (berços do movimento punk paulistano) e na maior parte do dia, mantemos as portas fechadas. No final da tarde, fechamos até as janelas. Não por medo de ladrões, mas para que os ratos não entrem em casa. Inclusive, tampamos com jornal o cano de escoamento de água da máquina de lavar roupa, assim como a tampa do vaso sanitário fica obrigatoriamente abaixada, exceto quando usada, claro. Deve ter rato com descendência anfíbia por aqui. Na primeira noite que passamos nesta casa, a Marion acordou berrando às cinco da matina dizendo que viu um rato encima de nossa cama! Três dias depois, flagrei um deles caminhando tranqüilamente pela sala. Depois disso, adotamos as precauções que descrevi acima (Adiantaria termos um gato? Não sei, os gatos tem o costume de caçar os ratos pela rua e trazê-los para dentro de casa). A impressão que se tem é que não são os ratos que invadem as casas, mas sim, que as pessoas construíram suas casas no terreno onde os ratos tinham suas tocas há tempos, o que é bem possível.
Como expliquei no começo deste textículo, é provável que tais animais urbanos tenham comportamentos e características diferentes nas várias cidades grandes pelo mundo afora. Ou até possível que outros tipos de animais, que não estes que citei, circulem pelo espaço urbano, como elefantes, vacas e macacos em algumas cidades da Índia e da Ásia, vivendo de nossas sobras e do lixo (na rua onde moro, já vi até cavalos rasgando sacos de lixo e comendo os restos), dividindo espaço nas ruas com os carros e os cães cheirando seus respectivos cus alheios.

4 comentários:

rbfaveri disse...

Caro Caresia e prezados leitores,
Os animais aqui de Tel Aviv são principalmente gatos e corvos. Garanto que nunca se viu um lugar como este aqui em relação aos gatos. Eles estão por toda parte e são muito folgados. Não só o campus como toda a cidade é cheia deles. Seria preciso um post inteiro para dar uma idéia melhor do que significa estes gatos por todos os lados. Quanto aos corvos, foi aqui pela primeira vez que os vi de verdade, ao vivo. E são iguais como nos filmes, nas histórias e nos poemas.

Juliano disse...

Prezados amigos,
Aqui, em Londres, na rua mesmo, não se vê gatos nem cachorros! Se vê nos parques as pessoas levando seus bichinhos de estimação! Aqui tem muitos pássaros e esquilos, muitos. Corvos, passaros pequenos, um parecido com a nossa saíra, pardais. O que eu achei mais legal mesmo, foi o tal do Blackbird. O reconheci primeiro porque é preto, e pelo seu canto, que é o mesmo do disco dos Beatles. Ele se parece com um sabiá!
Muito legal!!!

Caresia disse...

Pelo jeito, Tel Aviv parece a cidade do Edgar Allan Poe: só gatos e corvos. Pelo menos, não tem jeito de ter ratos (ou eles devem ser bem mais espertos). Cidades onde tem muitos pássaros e esquilos (como Londres) é sinal de poucos cães e gatos na rua (do contrário, já teriam entrado na cadeia alimentar).

Unknown disse...

Galera! Acredito que encontrei vocês! Quem voz fala é o Cueca...Rodrigo e Carezia ... o que vale nesta vida??? Eu deixei o porco queimar...e depois na hora de comer ele estava cru!!! Fudeu,,,meu e-mail é evandro-andre@uol.com.br entrem em cotato..